Ressignificar a masculinidade para tornar o mundo mais igual
Um novo entendimento do que é masculinidade está surgindo, como parte de um movimento igualitário em direitos, mas que busca compreender e valorizar a individualidade e diversidade entre as pessoas.
Osavanços dos movimentos das mulheres têm conquistado — aos poucos — progressos na busca pela igualdade de direitos, principalmente no ambiente de trabalho. Termos como gaslighting, mansplaining, manterrupting _ou bropriating _estão cada vez mais populares e descrevem as práticas machistas também dentro do meio corporativo.
Como consequência disso, homens passaram a refletir sobre seu papel na sociedade, e entender de maneira mais ampla, o quanto a reprodução dessas práticas machistas também os afetam negativamente.
Uma pesquisa feita pelo Papo de Homem para o projeto “O Silêncio dos Homens” nos mostra que** apenas 3 a cada 10 homens têm o hábito de conversar com os amigos sobre seus sentimentos, dificuldades e aflições**.
Ainda meninos, eles aprendem que devem se impor, dominar e controlar. Não aprendem a ouvir ou a expressar seus sentimentos. Devem agir com repulsa a tudo aquilo que coloca à prova essa “masculinidade”, muitas vezes reprimindo quem realmente desejam ser, deixando de realizar coisas que gostariam ou que seriam saudáveis para eles e para as pessoas ao redor. Tudo para que possam se encaixar em um conceito de masculinidade que lhes é imposto pela sociedade.
Essa ideia de “homem de verdade” também é prejudicial no ambiente corporativo. O mercado está mudando e desenvolver competências emocionais e sociais — as chamadas soft skills — é tido como essencial para a produtividade do trabalho em equipe e posições de liderança.
A colaboração, empatia, boa comunicação e inteligência emocional estão entre as habilidades geralmente mais associadas às mulheres, mas na verdade, todos podem desenvolvê-las, quebrando a barreira do preconceito entre o que é “feminino” e o que é “masculino” essencialmente.
A reflexão impulsionada por esses avanços de movimentos feministas e mudanças no mercado de trabalho, trouxe essa ressignificação da masculinidade. Através de projetos voltados para homens e para que eles possam aprender a cuidar e a ouvir a si mesmos e aos próximos, expressar seus sentimentos e quebrar o molde do machismo, faz com que eles se tornem também, agentes de transformação pela igualdade de gêneros.
Um destes projetos é o Promundo, uma ONG global, fundada no Brasil e que hoje tem colaborado com grupos em mais de 40 países, lutando para promover a equidade de gênero e prevenir a violência que envolve homens e meninos.
Gary Barker, CEO e presidente do projeto, quando perguntado sobre suas ansiedades em uma entrevista para a Quartz at Work disse:
“Estou ansioso por quantos homens estão armados e zangados e sinto que eles adquirem sua masculinidade por possuir armas de nível militar projetadas para matar seres humanos. E como você perguntou sobre ansiedade, o que não é fácil falar, a outra que eu tenho é sobre envelhecer e permanecer saudável, ou viver sem ser totalmente saudável. Sou sobrevivente de um câncer e sei como é difícil para nós homens cuidar de nosso corpo e admitir quando precisamos de ajuda.”
Projetos como esse são muito importantes para desconstruir conceitos antigos e construir novas gerações livres de tabus que são tão prejudiciais.
Essa transformação pode ser libertadora, mas é essencial perder o medo de compartilhar suas paixões, sentimentos e aflições. Além de conectar-se com outras pessoas e trocar ideias, debater assuntos de maneira saudável e se abrir para novos caminhos e possibilidades.
Na Beliive queremos estimular que pessoas compartilhem cada vez mais, aumentando a empatia, tolerância e entendendo a diversidade do mundo. Assim acreditamos poder construir um mundo de igualdade para todas as pessoas.
Mais sobre o assunto
O documentário "O silêncio dos homens" realizado pela Papo de Homem traz dados interessantes e depoimentos esclarecedores sobre o tema.